quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Satyr's folly


On the surface
of an undisturbed lake
something stirs…
Circling waves
expand away
like shooting stars.

You feel his presence
and hear his laughter
even before he’s ever seen.
He sings and dances
and jumps around, Mother Nature as his queen.

Light temper,
kind heart.
Elegant grace
as if walking was an art.

And then you see,
as you had expected,
a smiling face
and deep green eyes.

You hear his song
of joy and devotion
and you know
they are no lies.

On the Lake,
where the Lady rules,
all is as it is.
All around
the satyr runs
and his name is Azhis.


ilustração de/illustration by: André Pereira andrepereiradesign@gmail.com
Todos os direitos de imagem são reservados ao autor

domingo, 21 de setembro de 2008

Até breve

O fim de um olhar,
o fitar de um horizonte.
Este profundo sonhar,
profecias de boca de hierofante.
Quebra-se o espelho
do reflexo da medusa,
fita-me agora um velho,
é ele a saudade que me usa.
Jogo no chão as místicas runas
perguntando por ti e teu caminho...
Espalho minh'alma nas dunas,
buscando em vão o teu carinho.
O silêncio abate-se sobre a rua
e a noite escura sobre mim...
visto-me de tristeza nua
ultrapassando a barreira do fim.
O arcanjo viandante,
ceifeiro da seara das vidas,
não me afastará de ti.
O momento determinante,
em que se vão todas as dúvidas,
não será para nós o fim.
Como sombra protectora
estarás sempre comigo.
Que sejas recebido nos doces braços da Senhora,
meu mui amado amigo.

Até breve, Alex.

sábado, 28 de junho de 2008

Love

There is sorrow in the black of your eyes, my love. But in the green that surrounds that black, I see tenderness. There is sadness in the whiteness of your skin, my sweet. But in its white silkiness I find warmth.
I can’t watch you leave again and yet, I know you’ll never leave. The simple thought of it, though, brings me agony. I can’t stay and watch you go; I can’t go and leave you here. Life will go on, whether or not I’m here or you’re here. But love will not, that is my grief, love will not go on if one of us is gone.
There is sorrow in the black of your eyes, my love. There is something I can’t explain, which grows deep inside you and slowly shows its face through your sweet dark eyes. There is sadness in the white of your skin, my sweet. There is a subtle emptiness to your touch that brings back memories of when you weren’t here.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sorrow

I am now in the darkest night
looking for you
of whom there’s no sight…
life is through,
at least for you…
then why does it feel
like without you nothing’s real?
You bathed my soul in sweetest light
with your love, wisdom and care…
as sure as clouds are white,
I knew you’d always be there.
Loved one,
dearest departed,
you’ve taken my sun,
my life is now unguarded…
Father…
God knows I want you back!
In my heart lies a void
whirling, twisting, hurting
in oh so many shades of black.
Feel my sorrow,
but on it do not dwell…
I’ll miss you forever,
your tenderness was a spell.
Love eternal I send to you,
token of words unspoken
of what I couldn’t see through,
of all my sweet memories…
of you.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Génese

"eu nasci do amor que há entre Deus e o Diabo"



- Cântico Negro, José Régio







Não o seremos todos?



Quem de nós pode alguma vez afirmar que não é igualmente fruto deste amor?

Sinto...

Sinto...
que ninguém nota que existo,
que sou invisível aos olhos do mundo,
que não se preocupam comigo,
mesmo quem se diz meu amigo.
Talvez a culpa seja minha,
que não desabafo o que sinto.
Mas eu não sou assim,
não consigo falar do que vem cá dentro
como quem fala do filme do momento.
Sinto...
que tenho este dom maldito
de magoar quem mais amo
por não falar no que sinto.
Sinto...
que estou sempre a encher,
mas que um dia irei explodir,
porque quando preciso chorar,
tenho que mascarar-me, e sorrir.
Sinto...
que ninguém me conhece,
que ninguém sabe quem na realidade sou.
Sinto...
quem estou só a todo o momento,
que ninguém gosta de mim.
Pois ninguém sabe quem sou...
Sinto...
que vou estar sempre isolada,
esquecida no meu canto,
e não vão servir de nada
as longas noites de pranto.

22/01/2002

Sombras

Sombras...
restos de uma paixão.
Sombras...
chamas frias
que aquecem meu coração.
Sombras...
do amor uma ilusão,
da dor apenas recordação.
Sombras...
temporais calmos
de sentimentos revolvidos,
de mágoas revividas,
de amores perdidos,
de paixões esquecidas!
Beijos na escuridão,
sombras.
Sombras...
lembranças estilhaçadas,
ilusões quebradas!
Sombras...
esperanças esquecidas,
memórias revoltadas.
Sombras...
de algo estranho,
daqueles teus olhos
com que tanto sonho.

1999

quinta-feira, 5 de junho de 2008

The Maiden Freya - Prologue


Once upon a time, in a land of princes and magic, there was a young maiden whose fate, foreseen by prophetic eyes and spoken of by prophetic lips, was that of greatness and yet, of misfortune. The foretold future was not at all unchangeable, but almost certain to become true in every way. The place of love in the young maiden’s life was yet to be known, for the blessed prophet was not to reveal the source of such happiness and grief that would come to her along her path.

This maiden’s name was that of the beauty of the day and the shine of the stars, and inspired verses to poets and bards at the sound of it, equally inspiring the heat of passion into their hearts at the sole sight of her. Thus, she was called after a divine woman of the elders, the ancient ones, and justice was done to that honour-filled name, for our maiden lived up to the reputation of the original bearer of such name. That name was the one given to the fair goddess of the northern lands, Freya.

Freya was the Nordic goddess of love, beauty, music, spring, flowers, and such things. She was particularly protective of the Elven race, being many times called Mother of the Elves.

Unlike the goddess she was named after, though, our maiden had broad locks of black silky hair and eyes as green as the ocean and the treetops. For Freya, the deity, was a red-haired woman and possessed deep blue sweet eyes. Those of the maiden Freya were sharp and big, liquid as the waters they had stolen their colour from. One could have been easily lost in those overwhelming eyes, just like the sailor would so easily lose himself in the seas because of the song of the sirens. Singing was, indeed, one of her many gifts, but of those we shall speak later.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Magically met

Silent steps
Echo on the hall,
You look around
And see no one at all.
A childish giggle
Resounds in your head,
No innocence is found,
A path you fear to tread.
Suddenly she appears
As if magically summoned,
Holding a maimed bear,
Bearing a polished smile.
Black chunky locks
Perfectly arranged,
Mesmerizing eyes of purple
Big, wide, changed.
A little girl,
A soul of old,
A poise of regal stare,
A chubby hand to hold.
She knows of worlds
Forgotten by men,
She comes from places
I’ve never been in.
And she smiles,
Innocent and sober,
Grasping the bear
Without head,
Severed by the neck.
If this you have seen…
You’ve encountered Irnamehk.

sábado, 3 de maio de 2008

Mesh

Já falei de amor,
De sonhos, de alegria...
E agora?
Falo da tristeza,
Da solidão, da agonia...
I’m no lover’s pair,
I’m alone,
without a care.
Sou alma deixada ao acaso,
Perdida em sonhos
E em devaneios!
I’m the fool of love,
Joker on the hands of fate…
I am the face of despair,
Sold as a slave
On this freak show fair.

Styx

Bem-vindos à minha casa,
A casa daquele que morre
E renasce sem fim.
Bem-vindos ao domínio
Onde a Morte é Senhora,
Onde termina o suplício
E a paz intensa te devora.
Bem-vindos ao fim da existência,
Ao limbo, ao Styx...
Onde já nada é ausência,
Onde terminará de novo a vivência.

Anseio

Quem me dera,
Ó minha paixão,
No meu corpo cálido
Sentir essa tua mão...
Quero os teus beijos,
O teu corpo junto ao meu,
Fazer amor sem fim
Na paixão que me enlouqueceu.
Quem me dera,
Seu ser sensual,
Sentir esse teu corpo a arder,
Corpo que seria só meu,
Nas linhas do meu ventre,
Nas linhas do meu peito,
Nas linhas dos meus lábios,
No meu desejo ardente.

Erotia

Sinto os teus lábios, teus braços em mim...
desejos ardentes em noites sem fim.
O teu corpo quente, o teu cheiro doce,
o calor dos teus braços...
Quem me dera que assim fosse!
Paixão, loucura...
tanto amor e ternura.
Nas nossas madrugadas escaldantes,
sucedendo noites tão excitantes.
E as tuas mãos no meu corpo,
e a tua boca na minha...
tua língua provoca arrepios de prazer...
percorres o meu corpo e possuis todo meu ser!
Entras em mim, sinto o mundo a mudar...
beijas-me e tocas-me, e fazes-me voar!
E eu adoro-te... e toco-te e beijo-te!
Sinto o bater do teu coração,
desordenado, com o imenso prazer da nossa paixão!
Loucos e livres, estimulados pela droga do amor,
unimos almas e corpos
e partilhamos todo nosso calor.

Desejo

Quero tuas mãos em meu corpo,
teus beijos nos meus lábios,
teus braços na minha cintura,
que me leves à loucura.
Quero o teu corpo nu,
quero amar-te intensamente,
quero ter-te... sim, tu!
Quero-te no meu seio quente.
Amar-te até não aguentar mais
e saber que embora não vais.

Louca

Cega, louca, nua, só...
num estado que mete dó!
Sonhos, desejos, paixões...
palpitam em mim estranhas emoções.
Sinto o teu corpo,
colado ao meu!
O calor da tua pele,
a ternura do teu toque... em mim!
Os beijos ardentes,
ainda os sinto a queimar-me,
marcados a fogo em todo o meu ser.
A loucura de tomar teu corpo nu no meu...
o desejo de te amar... Ah, Deus meu!
Os teus olhos meigos, o arder de uma paixão:
o teu corpo cálido, tão doce ilusão!
Mas... cega! Louca! Nua! Só!
me encontro aqui...
Chamo por ti, meu desejo ardente!
Mas fico aqui... cega, louca, nua e só.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Black cat

Once there was this cat,
His furry coat of silken black,
He crossed my way
One ordinary day.
This cat had,
As many so do,
Amber yellow eyes
And that shouldn’t surprise you.
Sharp of eye
As he was sharp of claw,
He spoke of things
No one else saw.
Gaze deep he did,
Immersed in thought,
To bring again to life
Fables long lost.
Tales he told me,
Of here and then
Of there and now…
Once there was this cat,
A dearest friend to me.
Of his life I had a peek…
That cat’s name was Gravihk.

Comoção

Corrói-me o ar,
Ao tocar minha pele.
Destrói veias e artérias,
Deteriora-me o sangue e o ser.
Esmaga-me com a pressão,
Comprime-me de gravidade,
Constrange minha alma…
Sufoco, de dentro para fora!
Sou corpo em decadência,
Espírito decomposto,
Alma trucidada.
Sou um tudo nada,
Amostra de humano
Que se arrasta
Ao invés de viver.
Rasga-me o peito,
Estilhaça-me o ventre,
Decepa-me os sentidos
E as terminações nervosas.
É isso que fazes,
Abominável recordação de ser,
Traidor sem nível,
Ser humano de segunda categoria.
Tudo porque
Um dia
Gostei de ti.

Bestial

Expandem-se as fauces
Da fera que pretendo ser
Criatura ignóbil e imunda de luz
Rejeição de um ser maior
Filha de algum segredo.
Anulo em mim a divindade
A sufocadora realidade mortal
Com o rasgar desta boca disforme
Num urro de selvajaria libertina.
Aos meus olhos
Uma existência grená
De ira de força de sanguíneo respirar.
Às minhas mãos
Um fenecimento fugaz
Ar que abandona a vista
Fogo que acalenta o paladar.
Fera sou
Ferida internamente
Como ao mundo exterior pretendo
Não ser.
Fera sou
Fera humana
Repleta de sociedade
Atitude
Motivação.
Transbordante de aprendizagem
Recompensa
Punição.
Fera sou
Por entre as feras
De todas as eras e ilusões!

Eco

Trim, trim…
Ecoa pela sala sem demora
O passo rápido e assustado
Daquele que responde ao apelo.
A manápula ensanguentada
Percorre a secretária
Conspurca os papéis
Tinge fotografias.
O odor inebriantemente férreo
Do carmesim fluído que o corpo lhe reveste
Invade os poros de pele e mobília antiga
Traz à boca o gosto acre de bílis solitária.
Atende, calmamente, respingando sangue
Por todo o envolvente.
Comunicação finda
O passo lânguido de regresso
Chapinhante de viscoso líquido rubro.
Encara seu pai, esventrado pelo chão.
“Tanto trabalho para te matar...
e já não vais ser prato principal da refeição.”
Diz enquanto os restos mortais guarda
Na sua antiquada e repleta arca frigorífica.