quarta-feira, 30 de abril de 2008

Eco

Trim, trim…
Ecoa pela sala sem demora
O passo rápido e assustado
Daquele que responde ao apelo.
A manápula ensanguentada
Percorre a secretária
Conspurca os papéis
Tinge fotografias.
O odor inebriantemente férreo
Do carmesim fluído que o corpo lhe reveste
Invade os poros de pele e mobília antiga
Traz à boca o gosto acre de bílis solitária.
Atende, calmamente, respingando sangue
Por todo o envolvente.
Comunicação finda
O passo lânguido de regresso
Chapinhante de viscoso líquido rubro.
Encara seu pai, esventrado pelo chão.
“Tanto trabalho para te matar...
e já não vais ser prato principal da refeição.”
Diz enquanto os restos mortais guarda
Na sua antiquada e repleta arca frigorífica.

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