sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Crónica de um disparo III

Deviam vê-la agora,apontar-lhe a mira e disparar certeiramente. O olhar desprovido de fogo, de anseio, de propósito. Talvez falte o selvagem que o caçador procurava, mas foi ele, com a sua carabina de tiro certeiro, que silenciou o seu rugido.
Deviam vê-la agora e novamente julgar, com balas de incandescente franqueza, indiferentes aos efeitos de tais disparos, às chagas sangrentas de palavras feitas munição.
Talvez um novo disparo desperte a besta e a faça reagir. Talvez rasgue com garras e presas a rede que a sufoca e se lance em frenético ataque sobre o cruel caçador. Talvez aí ele dispare novamente e obtenha da fera o olhar que ansiava.