quarta-feira, 30 de abril de 2008

Black cat

Once there was this cat,
His furry coat of silken black,
He crossed my way
One ordinary day.
This cat had,
As many so do,
Amber yellow eyes
And that shouldn’t surprise you.
Sharp of eye
As he was sharp of claw,
He spoke of things
No one else saw.
Gaze deep he did,
Immersed in thought,
To bring again to life
Fables long lost.
Tales he told me,
Of here and then
Of there and now…
Once there was this cat,
A dearest friend to me.
Of his life I had a peek…
That cat’s name was Gravihk.

Comoção

Corrói-me o ar,
Ao tocar minha pele.
Destrói veias e artérias,
Deteriora-me o sangue e o ser.
Esmaga-me com a pressão,
Comprime-me de gravidade,
Constrange minha alma…
Sufoco, de dentro para fora!
Sou corpo em decadência,
Espírito decomposto,
Alma trucidada.
Sou um tudo nada,
Amostra de humano
Que se arrasta
Ao invés de viver.
Rasga-me o peito,
Estilhaça-me o ventre,
Decepa-me os sentidos
E as terminações nervosas.
É isso que fazes,
Abominável recordação de ser,
Traidor sem nível,
Ser humano de segunda categoria.
Tudo porque
Um dia
Gostei de ti.

Bestial

Expandem-se as fauces
Da fera que pretendo ser
Criatura ignóbil e imunda de luz
Rejeição de um ser maior
Filha de algum segredo.
Anulo em mim a divindade
A sufocadora realidade mortal
Com o rasgar desta boca disforme
Num urro de selvajaria libertina.
Aos meus olhos
Uma existência grená
De ira de força de sanguíneo respirar.
Às minhas mãos
Um fenecimento fugaz
Ar que abandona a vista
Fogo que acalenta o paladar.
Fera sou
Ferida internamente
Como ao mundo exterior pretendo
Não ser.
Fera sou
Fera humana
Repleta de sociedade
Atitude
Motivação.
Transbordante de aprendizagem
Recompensa
Punição.
Fera sou
Por entre as feras
De todas as eras e ilusões!

Eco

Trim, trim…
Ecoa pela sala sem demora
O passo rápido e assustado
Daquele que responde ao apelo.
A manápula ensanguentada
Percorre a secretária
Conspurca os papéis
Tinge fotografias.
O odor inebriantemente férreo
Do carmesim fluído que o corpo lhe reveste
Invade os poros de pele e mobília antiga
Traz à boca o gosto acre de bílis solitária.
Atende, calmamente, respingando sangue
Por todo o envolvente.
Comunicação finda
O passo lânguido de regresso
Chapinhante de viscoso líquido rubro.
Encara seu pai, esventrado pelo chão.
“Tanto trabalho para te matar...
e já não vais ser prato principal da refeição.”
Diz enquanto os restos mortais guarda
Na sua antiquada e repleta arca frigorífica.